No meio das tragédias, das perdas, das dores de alma, dos nãos que a vida nos dá e das lutas exteriores e interiores é fácil cair no queixume, no lado mais negro da vida e nas tempestades em copos de água. Eu sempre fiz a piada de que sou um calhau sentimental, é raro existir um filme que me faça chorar ou uma situação que me deixe abalado muito tempo. Na realidade, cheguei à conclusão que sou apenas pragmático e muito positivo.
2016 foi um ano duro e difícil onde perdi esse lado mais positivo, onde perdi a capacidade de ver o copo meio cheio. Foi mesmo um ano em que me perdi. No entanto, agora com algum distanciamento, foi também o ano que me obrigou a redescobrir-me. A vida não é sempre bonita (na realidade, na maioria das vezes não é) mas estou a voltar a aprender a concentrar-me apenas no lado bom. Quero parar de me queixar tantas vezes, parar de dizer que estou cansado, dar tempo e silêncio para aprender a viver com os meus pensamentos e ser mais grato.
Sou grato pela minha família, que me ama e aceita nos momentos mais fáceis e nos difíceis. Sem julgamentos, de braços abertos e sorriso rasgado, mesmo quando têm de enfrentar os seus próprios fantasmas para o fazer. Sou grato porque tenho uma segunda família, os amigos a quem confio a minha vida e a enchem de sorrisos, gargalhadas e memórias. Sou grato por ter uma sócia que acredita em mim quando eu não sou capaz e faz de mim melhor pessoa, todos os dias. Sou grato porque tenho um namorado que me faz gostar das coisas que eu não gosto em mim, que me diz palavras bonitas todos os dias e que me completa. Sou grato porque tenho um cão que me aquece a cama e a alma. E sou grato por ter este espaço onde, no final de um dia bom, tenho vontade de vos vir contar tudo. Eu não sei o nome de todos vocês, nem vos conheço a cara mas se me virem na rua, por favor, digam-me um olá para eu vos retribuir com abraços.
Amem-se mais, elogiem mais, cantem mais, dancem mais, não tenham vergonha daquilo que são e sejam mais gratos.
Obrigado. Tenham uma semana linda.