11º edição, Porto, 2023

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Sobre amar à distância

A distância é relativa, o amor não é. Nos últimos quase dois anos tenho lidado diariamente com esta dicotomia. Quando digo que estou numa relação à distância a primeira reacção é sempre de descrença, com é possível viver um amor com milhares de quilómetros de distância. A resposta não é simples e o turbilhão de emoções também não é. Sorrio, digo que é possível e que o coração não conhece espaço nem tempo. A minha relação envolve muitos voos, muitos aeroportos, muito facetime e skype, muitas horas ao telefone (ouçam esta música durante o resto do texto), muita gestão de expectativa e uma relação completamente honesta, sem barreiras. Sempre ouvi dizer que o segredo para uma boa relação é nunca se deitarem chateados, nós fazemos o mesmo mas com o telefone. Não se termina uma conversa com coisas por dizer. A distância pode até ser relativa mas é de certo uma lupa, torna tudo maior e melhor ou pior e mais grave.

Era tudo mais simples se estivéssemos a viver no mesmo sítio? Provavelmente sim mas o coração nem escolhe de quem gosta, nem onde vive essa pessoa. Ama da mesma maneira, aquece-nos da mesma maneira, completa-nos da mesma maneira e altera as nossas prioridades e visão do mundo. Diz-nos que já não há maneira de se viver incompleto e que seja qual for o obstáculo temos de batalhar, mesmo que para isso se tenham de mandar a baixo os muros que construímos. Aqueles muros que pusemos de pé para nos proteger. Temos de cair de braços abertos, olhos vendados e confiar que seremos seguros com um abraço apertado.

Saber que há um prazo limite para a distância ajuda mas posso dizer-vos que no meu caso não houve prazo durante muito tempo. Quando nos conhecemos já vivíamos em países diferentes. A minha cabeça dizia que não fazia sentido começar algo assim mas o meu coração gritava mais alto. Ele gritou tão alto que me fez ver que não havia outra hipótese senão tentar. Ainda bem que ele gritou bem alto e ainda bem que eu o ouvi. Amar à distância também tem coisas boas, nem tudo é mau. Se não estamos juntos todos os dias, nos dias que estamos tudo é mais intenso. Tudo é vivido com paixão à flor da pele, com um palpitar constante no peito e uma gratidão imensa. Todos os minutos são aproveitados como se fossem os últimos e não fica nada por dizer. Dou valor a todos os minutos e não tomo nada por garantido. As declarações de amor são constantes e é tudo tão bom que chego a sentir saudades ainda antes de nos separarmos outra vez.

No final do dia, podia tudo ser mais simples mas nenhuma relação o é. Sou grato por ter encontrado uma pessoa que me complete, mesmo que o faça a milhares de quilómetros de mim. Sou uma pessoa melhor por o ter comigo. Digo mais vezes “amo-te” do que achei que alguma vez iria dizer e sinto-o de todas as vezes. Sou muito grato por ser assim tão felizardo.

Geralmente não toco nestes assuntos que me são tão próximos por aqui, mas hoje senti a necessidade de quebrar mais um muro e dizer-vos que às vezes o coração sabe mais da vida do que a cabeça.

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