Vamos então começar onde acabou o primeiro post sobre este tema, em 2014, quando as coisas melhoraram um bocadinho significativo para nós. Tivemos sorte, mas também tivemos a capacidade de olhar para tudo com o distanciamento certo para percebermos o que não estava a funcionar e o que não deixava a coisa andar para a frente.
O factor sorte, do qual vos falámos no post anterior, foi o facto de termos tido a possibilidade de redesenhar alguns dos blogs mais lidos de Portugal. Os trabalhos correram bem, o feedback foi muito positivo e trabalhamos com algumas dessas pessoas até hoje, como é o caso da Sofia do às 9 que passou de blog a livro e onde nós também pudemos trabalhar. Com aqueles trabalhos houve muito público novo a chegar até ao nosso blog e a pedir-nos orçamentos e a começar projectos connosco. Foi assim que o fluxo de trabalho aumentou e que nós deixámos de entrar em pânico sempre que as contas começavam a chegar ao final do mês.
O segundo factor que mudou as coisas, o tal que teve que ver com a nossa reflexão, foi mesmo o trabalho que mudámos no nosso blog e a forma como passámos a encarar o nosso público online.
Se pensarmos no que mais identifica o típico português e a forma como pensa o negócio, é impossível não vir à cabeça a frase que mais ouvimos desde miúdos “o segredo é a alma do negócio”. Para nós isto não poderia estar mais errado e foi mesmo a partilha que nos fez crescer e criar esta comunidade que hoje temos.
Ainda que nos interessasse vender workshops, desenhar blogs e fotografar, decidimos que iríamos partilhar várias das coisas que sabíamos aqui no blog. Quem tivesse mais tempo e capacidade de fazer as coisas iria fazê-las, mas ainda assim haveria quem não tivesse tempo ou paciência, ou quem adorasse tanto o nosso trabalho que não dispensaria trabalhar connosco. O que perdemos ao partilhar coisas sem fim no blog? Nada! Temos ganho muito até hoje.
Acreditamos também que contribuímos para que por cá se adoptasse mais esta prática, e se hoje vemos por aí mais blogs a partilhar conhecimento, é provável que tenham perdido o medo connosco e com criadores de conteúdo que fazem o mesmo lá fora. Este mundo da partilha está a crescer e ainda bem! Ganhamos todos com isso, todos os dias, e é por isso que o português tem de largar o segredo e perder o medo.
O nosso blog passou a ter dicas sobre vários temas, conversamos sem travões ou sem coisas guardadas na gaveta, e quem nos visita nos workshops sente mesmo isso. Estes workshops, em 2014, também voaram das nossas salas de estar para salas maiores, fora de casa, com um mínimo de 12 pessoas e com listas de espera para as novas edições. Na altura estávamos muito, muito gratos pelo trabalho e pelas pessoas que se iam cruzando connosco, e esse sentimento de gratidão acompanha-nos até hoje, mesmo nos dias menos bons.
Começámos a funcionar como um pequeno gabinete de design, com uma variedade enorme de trabalhos a entrar e a sair, e podemos dizer-vos que em 2016 os blogs já não eram a maior fatia de trabalho que fazíamos. Enquanto designers isto é um factor positivo porque gostamos de trabalhar coisas diferentes, de intervir em vários tipos de suportes e peças, e hoje podemos trabalhar em blogs e sites assim como em livros, fotografia e vídeo.
A sorte mudou quando a nossa forma de estar mudou também. Quando assumimos que somos estas duas pessoas, gostamos de trabalhar assim e escolhemos ser honestos e transparentes sempre. Não vamos adaptar o nosso processo individualmente para cada cliente porque queremos que eles nos escolham a nós, por sermos assim e por fazermos o que fazemos. Em reuniões não há senhores engenheiros nem doutores, porque nós também não somos o senhor e a senhora designer. Não existem títulos porque existem pessoas e quem não se sentir à vontade com esta nossa postura deve procurar alguém com quem se entenda melhor.
Percebemos pelas reações que este tema vos interessa muito. Agradecemos os vossos comentários e, apesar de não conseguirmos responder de imediato, todos os comentários do blog têm resposta. Podem por isso deixar questões às quais responderemos sempre ou serão respondias num post como este 🙂
Este é o segundo post sobre o tema que iniciámos na segunda e é o mais feliz dos três. Não porque o presente não esteja a ser bom, está, mas vocês vão perceber depois porque dizemos isto.
Na próxima semana vai ser publicado o terceiro, e estamos a pensar fazer até um vídeo, como quarto post, para responder a perguntas que vocês nos façam por aqui. Se calhar é o mais simples e directo 🙂
Obrigado por nos lerem sempre e por todo o carinho no último post!